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O Envelhecimento e as adaptações fisiológicas no sistema ósseo

O Envelhecimento e as adaptações fisiológicas no sistema ósseo. Os ossos são tecidos que dão forma ao corpo, sustentando o peso do mesmo, protegendo os órgãos e facilitando os movimentos ao propiciar pontos de inserção para os músculos, de modo que esses possam funcionar como alavancas.

O osso é um tecido vivo que se renova permanentemente durante a vida toda. Essa renovação se deve às células ósseas responsáveis pela atividade de formação e de reabsorção do tecido ósseo. Esse sistema de “construção e destruição” é denominado remodelação óssea. Em geral, há um excelente equilíbrio entre reabsorção óssea por osteoclastos e a subseqüente restauração (neosteogênese) do osso por osteoblastos.

Os osteoblastos localizam-se na superfície óssea e sintetizam, transportam e organizam as muitas proteínas da matriz (colágeno e substância fundamental). Também se caracterizam por iniciar a mineralização por meio de seus receptores que se ligam a hormônios (principalmente o paratormônio), vitamina D e estrógeno, citocinas e fatores de crescimento celular. Os osteoclastos são derivados de células hematopoiéticas que também originam os monócitos e macrófagos. Estas são grandes células fagocitárias. A reabsorção óssea dos osteoclastos se faz por meio de projeções semelhantes a vilosidades em direção ao osso. Essas vilosidades secretam enzimas proteolíticas por três semanas, escavando um túnel que varia de 0,2 a 1 mm de diâmetro com vários milímetros de comprimento. Finalizadas essas três semanas, os osteoclastos deixam o túnel que é imediatamente preenchido por osteoblastos. Então, começa a haver deposição de osso novo de forma sucessiva em círculos concêntricos, sendo denominados lamelas. A deposição de osso novo cessa quando esse começa a invadir a área dos vasos sanguineos que suprem a região.

Há um momento em que o organismo alcança a maturidade óssea e ocorre um equilíbrio entre a formação e reabsorção determinando a densidade óssea máxima. Algum tempo após essa maturidade, inicia-se um processo de perda de massa óssea, que ocorre mais precocemente nas mulheres que nos homens. Segundo alguns autores, no homem há uma perda de aproximadamente 0,3% ao ano, principalmente do osso esponjoso quando comparado ao osso cortical, e nas mulheres essa perda é da ordem de 1% ao ano, acentuando-se no período pós-menopausa.

A perda de massa óssea é caracterizada por desequilíbrio no processo de modelagem e remodelagem conseqüente do envelhecimento, e pode ocorrer por aumento na atividade dos osteoclastos, por diminuição da atividade dos osteoblastos ou até mesmo pela combinação de ambos. Inúmeros fatores atuam sobre esse sistema, como aspectos nutricionais, fatores raciais e genéticos, atividade física e influência hormonal.

Dentre as alterações hormonais mais conhecidas associadas ao processo de remodelação óssea, destaca-se a ação de hormônios que agem sobre a formação óssea, como a calcitonina que é produzido pela glândula tireóide, e tem a função de baixar a concentração de cálcio no sangue, inibindo a reabsorção óssea. O hormônio da paratireóide (PTH) mobiliza cálcio do osso para o líquido extracelular, aumentando os níveis de cálcio sérico e a formação de osso.  A vitamina D tem como efeito principal o aumento da absorção de cálcio e fósforo pela mucosa intestinal, apresentando atividade similar a do PTH no osso. O estrógeno exerce atividade anti-reabsortiva por meio de vários mecanismos de ação ainda não suficientemente esclarecidos.