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Quarta Idade

Quarta Idade? Ops, não seria Terceira Idade? Quando falamos ou lemos sobre pessoas idosas costumamos escutar o termo Terceira Idade. Este termo identifica as pessoas com mais de 60 anos. A legislação brasileira considera idoso/terceira idade aqueles indivíduos com 60 anos ou mais.

Muitos especialistas pesquisam e escrevem sobre a terceira idade. Diversos temas são abordados, como questões sociais, psicológicas, trabalho pós aposentadoria, saúde/doença, políticas públicas, alimentação entre outros.

Mas e a Quarta Idade? Isso existe ou?? Sim existe! E já estamos vivenciando está metamorfose do cotidiano do Idoso. Este tema vem sendo pesquisado e discutido no meio acadêmico de forma incipiente, mas pouco se houve falar na grande mídia e, talvez, por isso a população ainda não esteja familiarizada com este termo.

Posso afirmar que 80% dos pacientes atendidos pela Salutar Fisioterapia Geriátrica, na cidade de Porto Alegre, pertencem a quarta idade, pessoas que têm 80 anos ou mais.

O fisioterapeuta e professor universitário Hudson Azevedo Pinheiro, relata que é preciso novas políticas públicas que atendam esta população de forma específica. E as políticas públicas para a terceira idade estão funcionando? E para as crianças? Pois é…temos que nos “virar como dá”, infelizmente. Mas não podemos perder o otimismo! Pelo menos na área acadêmica os estudos estão progredindo e facilitando o entendimento do processo de envelhecimento e suas consequências nos mais diversos domínios da vida. Também temos boas iniciativas da comunidade, como as associações (ABRAZ- Alzheimer, ABP- Parkinson, AAPECAN- câncer, entre outras) e grupos de convívio e atividade física.

Os pesquisadores Christian Lalive d´Epinay e Stefano Cavalli da Universidade de Genebra (Suíça), afirmam que a quarta idade é a idade da experiência vital do processo de enfraquecimento das faculdades físicas e psíquicas e a dependência um risco, mas não um destino. O processo de fragilização é inicialmente imperceptível, e seus efeitos se instalam gradualmente de modo adaptativo – as perdas leves vão sendo incorporadas “naturalmente” ao cotidiano sem mudanças notadas como significativas. Mas existe um momento de desequilíbrio, causado por uma doença ou acidente, denominado de “limiar de insuficiência” que marca o início do estado de fragilidade, motivo ainda de discussões teóricas em seu estabelecimento. Na denominada quarta idade apresentam-se dois estágios de comprometimento: a dependência funcional – atividades de vida diária comprometidas; e a fragilidade – com independência relativa, mas com dificuldades em ao menos dois domínios: sensoriais, mobilidade, metabolismo energético, memória ou distúrbios psíquicos. A independência está ligada a preservação da capacidade funcional, e sem problemas de saúde relevantes.

Os mesmos autores, constataram que os idosos recusam as marcas da idade cronológica como marcadores da velhice, pois para eles a consciência da velhice é sempre sustentada por uma experiência vivida de fragilização, como doenças e acidentes seguidos de hospitalizações, perdas simbólicas, de amigos e familiares, especialmente filhos, questões que levam os indivíduos a ultrapassar o “limiar de insuficiência”. Reconhecerem-se como velhos implica admitir o pertencimento à quarta idade, e à consequente fragilidade.

Carecemos de respostas para os mais diversos temas que abrangem os octagenários, nonagenários e centenários. Muitas famílias passam por grandes dificuldades, sofrimentos, perdas e vitórias no convívio e no cuidado dos seus familiares idosos em idade avançada. Espero que mais estudos tragam soluções para o cotidiano da Quarta Idade!

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